Conhecimento de mundo

Muitos tradutores defendem a ideia de que não é preciso ter morado fora do país para ser um bom tradutor. Concordo em partes, mas acredito que ter conhecimento de mundo (e isso inclui conhecimento de outras culturas, destinos diversos, gastronomias diferentes, etc.) não só enriquece o trabalho do tradutor, como também o facilita. E isso é ainda mais verdadeiro se você traduz textos de turismo e hotelaria.

Participo de um projeto de tradução de um hotel de luxo em Paris desde o ano passado. É um projeto contínuo. O fato de eu já ter visitado Paris facilita muito na hora de eu traduzir o texto, principalmente quando fala de alguns pontos da cidade. Não há muita pesquisa a fazer, pois já estive lá e sei do que o texto fala. Visualizo na minha cabeça Paris e os parisienses, e transporto isso à tradução. É claro que um tradutor que nunca esteve em Paris conseguiria traduzir o mesmo texto com qualidade, mas talvez tivesse que fazer pesquisas para entender um pouco como funciona a cidade ou o estilo parisiense de ser.

Em outro projeto, traduzi um treinamento para agentes de viagem especializados na Austrália. Como morei na terra dos cangurus por sete anos, sei que determinada cidade fica ao norte de Sydney e não ao sul como diz, por deslize, o original, e posso assinalar tal deslize ao gerente de projeto. O cliente certamente ficará feliz. Não necessariamente é nosso deve pegar incorreções no texto de partida, mas isso, para mim, é “ir além” no meu trabalho como tradutora e visto por muitos clientes e agências como profissionalismo. Me torna parceira do cliente.

É claro que não é fácil ter a oportunidade de viajar sempre, mas fiquem atentos a qualquer experiência que vocês tenham fora da sua própria rotina. Qualquer novo produto, nova forma de pensar, novo destino, pode ajudar no processo tradutório.

Bons conhecimentos e bom trabalho a todos! 🙂

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